Márcio May: 53 anos com fôlego de Sub-23 – O revival na Volta do Uruguai

Marcio May 53

Márcio May dá show na Volta do Uruguai: Aos 53, com alma e fôlego de Sub-23

O ídolo do ciclismo brasileiro revive os grandes dias de glória em uma performance surpreendente

© Rodrigo Philipps

Ciclista de verdade não consegue ficar longe de bicicletas e corridas. O catarinense Márcio May parou de correr profissionalmente em 2008, mas nunca se distanciou do esporte que o levou a três Jogos Olímpicos e fez do atleta nascido em Salete um dos mais respeitados nomes do ciclismo de todo o continente.

Em 2022, May pedalou sozinho um “Tour de SC”, com 2 mil km e 30 mil metros de ascensão, num resgate da célebre corrida que ele venceu quatro vezes.

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Uruguai, 26 anos depois

Márcio May tinha 26 anos quando correu pela última vez a Volta do Uruguai e voltou aos 52 anos e o desafio era competir e terminar a corrida considerada uma das mais difíceis de todo o continente. Realizada desde 1939 na Semana Santa, a Volta do Uruguai tem 12 etapas em 10 dias de competição e muitos ciclistas no auge da carreira muitas vezes não conseguem terminá-la. As longas etapas planas e expostas ao feroz vento uruguaio são cruéis. A prova começou no dia 11 de abril com 149 ciclistas e apenas 115 chegaram ao fim, no domingo de Páscoa.

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Em 26 anos muita coisa mudou no ciclismo e Márcio o que há de mais atual em material e em métodos de treinamento. Bike de fibra de carbono com freios a disco e câmbio eletrônico, medidor de potência, monitor cardíaco, GPS e outros gadgets. Princípios de treinamento, alimentação e suplementação também avançaram.

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Torcida apaixonada

Além de disputar uma prova reconhecidamente dura, Márcio queria reviver a experiência de correr em um país de gente apaixonada pelo ciclismo e que lota as ruas para ver a corrida e encontrar seus ídolos. A carreira do brasileiro está viva na memória dos uruguaios e em todas as etapas o público buscava o ciclista para autógrafos e selfies. Jornais, rádios e TVs acompanharam a participação de Márcio, que ganhou entrevista na página central do principal jornal do país. A jornada da equipe foi acompanhada pelo fotógrafo Rodrigo Philipps, que fez imagens para um documentário.

© Rodrigo Philipps

Rotina de treinos

Vice-campeão da Volta do Uruguai em 1997, Márcio fez uma preparação que exigiu uma média de 14 horas de treinos semanais, incluindo pedaladas de gravel em estradas de terra batida. Aos sábados, longas jornadas de seis horas sobre o selim preparavam o corpo para a corrida de 1.700km que visitou 14 cidades no país vizinho. No período de treinamento, Márcio perdeu 9 quilos e aumentou em mais de 30% a relação peso/potência.

© Rodrigo Philipps

Retorno a Rio do Sul

A cidade de Rio do Sul (SC) é muito importante na carreira de Márcio May. Em 1991, ingressou na equipe Metalciclo (hoje Royal Ciclo) e conquistou a vaga para os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. O bom filho sempre retorna à casa e, no ano passado, Márcio disputou a Volta de Goiás pela equipe de Rio do Sul.

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Com o nome de ACRS Cycling Team/Royal Ciclo/Audax, o time rio-sulense viajou ao Uruguai com Márcio May, Magno Nazaret, Guilherme Wisnieski, Gabriel Metzger, Alex Melo, além do jovem da categoria sub-23 Matheus Cabrini. A equipe contou também com o uruguaio Ruben Traba – que atuou como mecânico faz-tudo e com Evandro dos Santos, sócio de May na Márcio May Sports, que cuidou da logística diária e apoio.

© Rodrigo Philipps

Vento cruzado

Em uma corrida por etapas como a Volta do Uruguai, o ciclista precisa cruzar a meta de chegada todos os dias dentro de um determinado tempo. Quem não completar uma jornada está fora da corrida. É fácil ser eliminado, basta um pneu furado, um tombo, uma lesão, um resfriado ou uma bobeada no pelotão em um momento crucial e a missão já era. Cabrini caiu na primeira etapa, teve o quadro de sua bike quebrado e foi eliminado nos primeiros 70km. O próprio Márcio “sobreviveu” ileso a uma queda massiva no pelotão na quarta etapa.
“Eu não me lembrava como é difícil pedalar com vento contra e com vento cruzado na escalera cerrada.”

© Rodrigo Philipps

Fôlego de Sub-23

Márcio May andou bem em todas as etapas e o desempenho superou suas expectativas. Na prova contra o relógio, especialidade que garantiu ao ciclista inúmeros títulos nacionais, sul e pan-americanos, Márcio provou que o esforço de acordar às 4h30 seis dias por semana valeu a pena. Ele fez o 30º melhor tempo entre os 127 ciclistas e ganhou quatro posições na geral. “A crono individual serviu para me lembrar que a prova contra o cronômetro é sempre um sofrimento.”

© Rodrigo Philipps

A missão de Márcio terminou com sucesso no domingo de Páscoa em Montevidéu depois de percorrer os 1.700km da prova em exatamente 36h15min02s. Dos 115 ciclistas que completaram a prova, Márcio terminou na 23ª colocação, à frente de muitos jovens ciclistas e com a fantástica segunda colocação se fosse sub-23.

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“Fui bem. Considero que foi um bom resultado. Se eu fosse Sub-23 seria o segundo colocado”.

O sentimento de missão cumprida em Montevidéu foi acompanhado pela emoção do reencontro com a esposa Luciane, que foi receber o marido na capital uruguaia. “Reencontrar a Luciane no meio daquela multidão alegre foi o momento mais emocionante da prova para mim”, concluiu.

© Rodrigo Philipps

A equipe de Márcio terminou como campeã da classificação de montanhas (camisa vermelha do Prêmio Cima) com o rio-sulense Gabriel Metzger. A vitória geral foi do uruguaio Anderson Maldonado (Club Náutico), que fechou as 12 etapas com o tempo total acumulado de 36h06min26s. Na segunda colocação ficou o brasileiro Vinícius Rangel (Swift Pro Cycling), a 16 segundos. O venezuelano Francisco Peñuela, que atua pela equipe espanhola Caja Rural, garantiu a 3ª colocação para a seleção venezuelana, a 20 segundos do campeão. O título da Sub-23 ficou com o gaúcho Gabriel Sousa (Swift Pro Cycling).

© Rodrigo Philipps

OS 10 PRIMEIROS DA CLASSIFICAÇÃO GERAL

1 – Anderson Maldonado – URU Club Náutico – 36h06min26s
2 – Vinícius Rangel – BRA – Swift Pro Cycling – a 16s
3 – Francisco Peñuela – VEN – Seleção da Venezuela – a 20s
4 – Andres Gutierrez – URU – Club Audax – a 54s
5 – Ignacio Sanchez – URU – Punta Del Este – a 1min20s
6 – Lucas Gaday – ARG – Dolores Cycles Club – a 1min21s
7 – Alan Presa – URU – Cerro Largo – a 1min33s
8 – Leangel Linarez – VEN – Seleção da Venezuela – a 2min34s
9 – Roderyck Asconeguy – URU – Club Audax – a 2min55s
10 – Gabriel Metzger – BRA – ACRS /Royal Ciclo/Audax – a 3min04s
15 – Alex Melo – BRA – ACRS /Royal Ciclo/Audax – a 3min51s
21 – Gabriel Wisnieski – BRA – ACRS /Royal Ciclo/Audax – a 6min47s
23 – Márcio May – BRA – ACRS /Royal Ciclo/Audax – a 8min36s

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