No Caminho de Santiago de bicicleta elétrica e com insulina refrigerada

Casal pedalou 884km, com 12.997 metros de altimetria total, em 15 dias; desafio foi manter a medicação na temperatura certa

O Caminho de Santiago de Compostela atrai ciclistas e caminhantes do mundo todo e no ano passado foi percorrido por meio milhão de pessoas, 12% a mais que no ano anterior. Peregrinos em bicicleta – ou bicigrinos – foram 4,5% deste número recorde.

O casal de Campinas (SP) Fabiana e Ricardo Souza fez parte desta estatística e em julho de 2024 completou o Caminho Francês em exatos 15 dias. Ricardo, de 50 anos, é mountain biker experiente e pedalou uma hardtail convencional. Fabiana, de 48 anos, é profissional de TI e estudante de veterinária e por ser iniciante optou por uma e-bike.

Fabiana pedalou uma Mondraker elétrica com motor Bosch de 750 Watts

O desafio para Fabiana era enorme. Além da grande distância a ser cumprida em 15 dias, Fabiana é portadora de diabetes do tipo 1 e precisa tomar diariamente dois tipos de insulina que precisam ser mantidas em torno dos oito graus de temperatura. Tarefa complicada sob o forte calor do verão espanhol em pleno mês de julho. O jeito foi usar uma mini geladeira portátil alimentada por bateria recarregável de 4-5 horas de duração e que pesava cerca de 1kg.

“Levamos seis canetas, duas da insulina lenta e quatro da insulina rápida e nossa preocupação maior era mantê-las refrigeradas em 8 graus, sob pena de estragarem. Levamos também receitas médicas em inglês caso precisasse”, explica Ricardo.

Foram 884km, com 12.997 metros de altimetria total em 65 horas. Confira no Strava

As bicicletas da marca espanhola Mondraker foram alugadas ainda no Brasil na locadora Bicigrino, especializada no Caminho de Santiago. Ricardo pedalou o modelo hard tail de alumínio Podium R e Fabiana uma hard tail de alumínio com motor Bosch de 750W.

As bikes vem equipadas com alforges laterais, bolsa de quadro para navegação via GPS, além de de câmara de ar reserva, remendos, canivete multiuso, trava antifurto, capa de selim em gel. “Além destes itens, o carregador da e-bike era volumoso e pesado”, conta Ricardo.

No Caminho de Santiago com as Mondraker; a e-bike de Fabiana é a da esquerda

A peregrinação pelo Caminho Francês começou em Saint Jean Pied de Port, na França. “Fomos de Azul até Paris (Orly) e de lá pegamos outro voo até Biarritz e de lá um trem até Saint Jean Pied de Port”.

Um dia por vez

Apesar da pouca bagagem (cerca de 7kg-8kg cada um), o peso total ficou em torno de 35-40kg para a e-bike de Fabiana e uns 25kg para Ricardo.

“No primeiro dia optamos pela Rota de Napoleão para passar os Pirineus e foi complicado, pois a subida é longa e inclinada e a trilha é acidentada. O sistema Bosch de Walk Bike ajudou bastante nas subidas, mas as descidas eram complicadas também por conta de todo o peso”, lembrou. ‘Um dia de cada vez’ era o lema de Ricardo.

Fabiana em uma das muitas paradas do Caminho de Santiago

A autonomia da e-bike foi suficiente para percorrer todas as etapas e recarregar a bateria da bike foi fácil. “Em todos os lugares era nítida a cultura da e-bike, desde a primeira noite foi fácil. Todos os albergues estão preparados”, explica.

A conservação das canetas de insulina exigiu atenção, já que a bateria da mini geladeira tinha duração limitada. Um power bank da Bosch serviu para recarregar a bateria durante as etapas.

“Quando parávamos para almoçar, a primeira coisa era conseguir uma tomada para a geladeira. Uma vez acabaram as baterias e chegamos na pousada só com a temperatura do interior da geladeira, mas deu certo. No fim de cada etapa a prioridade era achar uma tomada e recarregar a bateria da geladeira e o power bank para o outro dia. Recarregar diariamente a e-bike foi tranquilo”, lembra.

O casal tinha a missão de chegar em Santiago em 15 dias para devolverem as bikes e seguirem de carro para Portugal. Em alguns momento foi preciso apertar o passo para manter a programação. A média diária de pedalada ficou na casa dos 60km.

Ricardo em uma das muitas subidas do Caminho

Ambos vegetarianos, o dia começava com um bom café da manhã. “Café da manhã normal, com carboidrato (pão, bolo, cereais) e iogurte como proteína”, lembra.

Na bagagem do dia, sempre algum doce para emergências, além de água, isotônico em pó, gel de carboidratos e eventualmente alguma fruta. “Tem muito lugar para pegar água e nas Decathlon a gente comprava os carboidratos em gel”, conta.

Outra ferramenta usada na viagem foi o sensor de glicose Freestyle que monitora em tempo real o índice glicêmico e passa informações para um app no celular.

“Pedalar consome bastante energia e depois de uma hora o organismo vai fraquejando. Quando o alarme avisava  (90 de glicemia) era hora de parar e se alimentar”, explica Ricardo.

Apesar das dificuldades do Caminho de Santiago, Fabiana se saiu muito bem. Em nenhum dia teve hiper ou hipoglicemia e a insulina esteve sempre refrigerada.

“Gostamos muito da energia do Caminho de Santiago. A vibe é muito especial. Pena que de bike é muito rápido. Agora estamos nos preparando para fazer o roteiro a pé em 33 dias para vivenciar ainda mais o Caminho de Santiago”.

Um dia por vez.

O casal na Praça do Obrador, em Santiago de Compostela

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